quinta-feira, 10 de junho de 2010

Convenção dos ‘verdes’ oficializa nome de Marina

A senadora Marina Silva (PV-AC) será, entre os pretendentes à cadeira presidencial, a primeira a ter sua campanha oficializada em convenção partidária, marcada para hoje, em Brasília. A entrada no auditório do Centro de Convenções Brasil 21, de onde sairá candidata, terá um intenso significado político e emocional: para dar o sim ao partido, precisou vencer fortes dúvidas de consciência - tamanha a gratidão que tem pelo PT e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual se sentia devedora.

Mas o sentido de missão falou mais alto: dívidas políticas à parte, a senadora acreana de 52 anos considera crucial levar ao País uma agenda pelo desenvolvimento sustentável e a luta pela Presidência da República. A nova luta vai lhe devolver, acredita, o encanto que perdeu, ao longo dos anos, pela rotina do Senado. Dessa tribuna nacional ela poderá cobrar da ex-ministra Dilma Rousseff (PT)as posições que adotou, segundo ela contrárias à causa ambiental e que a levaram a deixar o governo, dois anos atrás.

Marina chega à convenção com uma certeza: a de que será vitoriosa, seja qual for o resultado em outubro, tantos os obstáculos que superou pelo caminho. Pegou hepatite, foi contaminada por mercúrio - mal do qual jamais se curou -, chegou a ser desenganada e sobreviveu, ficou órfã de mãe aos 15 anos e só se alfabetizou aos 16, pelo antigo Mobral, projeto de alfabetização de adultos criado no regime militar.

Poderia ter virado freira, sua intenção primeira na transição entre a adolescência e a fase adulta. Nada disso. Casou-se por duas vezes, teve quatro filhos, dois de cada um dos maridos. Entrou para as Comunidades Eclesiais de Base (CEB) da Igreja Católica, enveredou pelo marxismo e militou no Partido Comunista Revolucionário (PRC), que se abrigava dentro do PT.

A prática política a afastou dos resquícios marxistas: a mais jovem senadora já eleita no Brasil é uma ambientalista, protestante convertida em 1997 - depois de, à beira da morte, ouvir de um pastor palavras que, segundo ela mesma, lhe devolveram a vida. Tornou-se missionária consagrada da Assembleia de Deus, um dos principais postos da maior Igreja pentecostal do País, com cerca de 8,4 milhões de fieis, segundo o IBGE.

Ao subir à tribuna para o discurso de candidata, e pregar um programa de desenvolvimento sustentável para o País, Maria Osmarina Marina Silva de Lima, por certo vai lembrar-se de tudo isso. Deverá lembrar-se também, rapidamente, de ter-se formado em História pela Universidade Federal do Acre, aos 26 anos, da eleição para vereadora quatro anos depois, de deputada em 1990 e de senadora em 1994, aos 36 anos.

Esse foi outro momento decisivo: a eleição para senadora, 16 anos atrás, traria para sua vida uma mudança radical. A humilde cabocla dabria os horizontes e tornava-se uma cidadã do mundo. Dois anos depois, ganhou o Prêmio Goldman de Meio Ambiente, como representante das Américas do Sul e Central, em San Francisco, Estados Unidos.